Hedone em grego significa Prazer.

O “ista”, de hedonista, indica alguém ou um grupo de pessoas que compartilham de um mesmo pensamento ou atividade, colocando em prática ou maior valor no que vem antes do “ista”. Portanto, Hedonista pode significar a pessoa que busca o prazer ou pratica o prazer, ou tem o prazer antes de tudo. Outras palavras desse tipo: comunista (comunidade antes), socialista, capitalista.

Assim como a palavra “poder”, provavelmente a maioria das pessoas tem uma interpretação errada da palavra “prazer”. Geralmente a gente já pensa em sacanagem. Vai dizer que não? Nesse caso, para os Hedonistas o prazer não quer dizer que precisamos nos entregar a todo e qualquer tipo de prazer na vida. Que você deve se entregar a luxuria, glutonaria e gastar todo o seu dinheiro em drogas. Pelo contrário. Para os hedonistas, a sabedoria vem da extração do prazer retirado das pequenas coisas da vida. Das coisas que temos alcance. O viver com pouco, com o mínimo.

Os hedonistas acreditam que existem dois extremos que compõem a vida do ser humano: a dor e o prazer. A filosofia hedonista diz que tudo o que é intrinsicamente valoroso para nós, está ligado ao prazer. E tudo o que não é valoroso pra nós, está ligado a dor. O bom é o prazer. O mal é a dor. Tudo o que sentimos, fisicamente ou mentalmente (sentimentalmente), está ligado a esses dois pilares de dor e prazer. Logo, nós temos que buscar o prazer e evitar a dor.

Outro ponto é que a busca por prazeres “materiais” ou desejos/prazeres temporários (tipo sexo ou jogo), aumentam as suas chances de decepção e tristeza. Ser escravos desses prazeres significa viver em um eterno ciclo de desgraça pessoal, ou seja, encontramos a dor/mal, quando procuramos esses tipos de prazer, nos deixando cada vez mais longe das virtudes fundamentais: sabedoria, coragem, justiça e temperança.

O ponto é que hoje o hedonismo tem uma interpretação muito abrangente. Evitar a dor a fim de maximizar o prazer é realmente algo bom? Maximizar ou manter o seu prazer rotineiro não quer dizer que as coisas ruins no mundo deixarão de existir e não quer dizer que essas coisas ruins não te afetarão em algum momento.

Os hedonistas de verdade tentam viver buscando a ausência de desejo e paixões, afim de evitar o desvio do caminho até as virtudes. E como já vimos anteriormente: prazer é viver sem qualquer paixão ou desejo frívolo.

“A riqueza material de nosso mundo nos condena ao crescimento alucinado de nossas necessidades e nossos desejos.” — Filosofia para corajosos de Luiz Felipe Pondé, https://amz.onl/eVo2odb

Além disso, os hedonistas da Grécia antiga não tinham disponíveis toda uma potência de consumo disponível como temos hoje. Eu sei que podemos guardar as devidas proporções: embora hoje tudo seja mais sofisticado, a busca pelo excesso de consumo começou a partir do momento que deixamos de ser nômades e a agricultura se desenvolveu. Desejar algo (principalmente algo que não podemos ter) é escravidão. Nos desvia do objetivo principal de ter uma vida boa. Nos perturba a mente. Desgraça nossa cabeça, nos deixa suscetíveis às armadilhas do consumo desenfreado.

Que já leu sobre minimalismo, budismo, estoicismo e etc deve estar achando coerente todo esse papo. Todos esses movimentos acima pregam o viver com menos, executando o desapego e renovando seus desejos materiais para níveis menos viciosos.

Eu prefiro ir pelo caminho do meio. Acho que todos procuram conforto e ausência de preocupação (ataraxia), ausência de dor, ausência de necessidades e paz de espírito. Existe um caminho do meio onde você não precisa viver na miséria, mas também não precisa se matar pra arranjar dinheiro pra comprar um carro luxuoso. Você pode tentar viver com o suficiente... e o suficiente é diferente pra cada pessoa. Alem disso o seu suficiente muda conforme a sua jornada de vida. Geralmente ficamos menos ambiciosos conforme envelhecemos, por exemplo.

Contudo, as vezes para conseguirmos vivermos com pouco, exige trabalho anterior pra conseguir destravar esse objetivo. Além disso, exige inteligência emocional pra mudar o interior que clama pelo consumo desenfreado.

A prática que eu tenho tentado usar, é atrasar a resposta para os impulsos. Se eu quero muito alguma coisa, eu controlo meu ímpeto inicial e espero alguns dias (as vezes meses) pra entender se é só emoção ou se isso vai me trazer realmente algum benefício (seja ele físico, sentimental, financeiro, etc). Isso ajuda bastante a se defender do marketing sedutor. Se depois de alguns dias/meses o desejo ainda continuar, talvez realmente iremos usufruir totalmente, extraindo o benefício real daquele desejo respondido.

Somos cada vez mais imunes pelo excesso de estímulos.

Referências:

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