Dizem que ninguém nasce Product Manager. Isso era verdade até um tempo atrás. Hoje, já existem algumas pessoas que começaram suas carreiras como Product Managers e isso é muito bom, pois mostra a evolução do mercado. Mas a grande maioria migrou de outras áreas já existentes do mercado. Isso é comum como qualquer outra profissão, principalmente com quem trabalha com tecnologia. Os primeiros programadores web vieram do mercado de desktops. Mesma coisa com os designers, que vieram do mercado offline. Com Product Managers isso não é diferente. Muitos deles eram antigos PMOs ou GPs, outros migraram das áreas de UX ou Dev.

Logo, é muito comum que PMs tenham tarefas e rotinas totalmente diferentes no seu dia a dia. Se já é muito difícil definir qual a rotina comum de um PM, quando o background e o mercado de atuação iniciais mudam drasticamente, essa definição praticamente não existe. O dia a dia de um PM que era Dev e que trabalha no iFood é muito diferente de um PM, que antes era UX e trabalha numa Fintech.

Por causa desse mix de conhecimentos, cada PM tem uma forma de gerir o seu produto. É importante você ter consciência do seu tipo de gestão, pois muitas vezes isso influencia nas decisões de produto, ou até ajuda a escolher qual sua próxima empresa ou que time trabalhar.

Do meu ponto de vista, um produto só é criado se essas três pontas fundamentais existirem: Usuários, Tecnologia e Negócio. Dentro desses três pilares existem todos os assuntos necessários para construir um serviço/produto digital de qualidade.

Antes de falarmos de milhares de outros tipos de PMs, prefiro citar primeiro esses três iniciais, que eu julgo mais genéricos e abrangentes. A partir daí, você pode entender qual é o seu viés e entender melhor seu estilo.

Usuários

Os Product Managers mais ligados aos usuários tem uma facilidade maior em ler as necessidades das pessoas. Geralmente são PMs que trabalham muito perto dos designers ou dos UXzes e tentam sempre colocar o usuário na frente das decisões e principalmente nas fases de ideação e geração de hipóteses.

Aqui, podemos esperar soluções mais ligadas a jornada de usuário, experiência de uso, execução de tarefas no sistema etc.

Sempre achei que o melhor argumento é aquele que vem embasado nos comportamentos de uso do usuário. São esses argumentos que podem definir uma decisão com os stakeholders ou a direção do negócio.

Tecnologia

Product Managers ligados à tecnologia entendem muito bem como o processo (principalmente o ágil) funciona e quais os shortcuts que podem ser tomados para facilitar o desenvolvimento do Produto. Geralmente eles enxergam muito bem os possíveis impactos de débitos técnicos, e tem um faro muito mais apurado para estimativas, quebrando as tarefas no menor tamanho possível pra facilitar o desenvolvimento, ao mesmo tempo que traz alto impacto de valor para o usuário e para o negócio.

Pode ser muito difícil para PMs com esse viés técnico não induzir soluções técnicas. Além disso, é importante notar que quem estima é o time, nunca você, mesmo tendo um background técnico, você não é a pessoa que dá a solução.

Negócio

Esse PM tem um bom faro sobre qual a direção que o mercado está tomando e quais decisões o negócio precisa fazer para acompanhar. Ele está alerta para qualquer mudança de percurso dos concorrentes ou de novos players e sabe quais os pontos fortes e fracos de cada um.

Ele tem um perfil um pouco mais rígido e com um viés muito mais para a saúde da empresa, depois para as necessidades do usuário. Contudo, entende que custos, eficiência e eficácia ajudam não apenas operação da empresa como um todo, mas também para posicionar a empresa à frente dos concorrentes.

Conclusão

Não quero dizer aqui que existem apenas PMs de um ou de outro tipo, mas PMs que podem preferir uma ou outra abordagem para resolver problemas. Um bom PM tem consciência de qual é sua caraterística mais forte (a minha é muito tecnologia, porque vim daí) e sabendo disso, consegue dosar os outros dois tipos nas decisões do dia a dia.

Podemos, podemos ampliar um pouco mais os tipos de PMs se falarmos práticas mais específicas PMs mais ligados a Data Driven, ou que tem mais facilidade nas fases Discovery ou Delivery. Contudo, acho que esses três pontos são os principais e que tocam o produto como um todo. O resto, de alguma forma, faz parte desses três fundamentos.

Apenas uma observação importante: Eu queria tentar tirar um viés que todos tem de pensar apenas em desenvolvedores ao ler Tecnologia. Se você pensou isso, apague da sua memória essa conexão e forme uma nova conexão levando em consideração o uso da tecnologia para a construção do produto. Um UX pode sugerir interfaces conversacionais para a solução de um problema, por exemplo. Então, pensar que Tecnologia envolve apenas desenvolvedores é no mínimo incompleto.

Referências

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